Queda no preço do farelo de soja e alta nos valores pagos beneficiam pecuaristas

Em São Paulo, criadores investem para oferecer estudo a funcionários


A queda do preço de farelo de soja aliada aos valores praticados pelo setor da pecuária tem criado umcenário favorável aos produtores. Para capacitar cada vez mais a mão de obra, uma fazenda no interior de São Paulo, decidiu aproveitar o bom momento para oferecer estudo aos funcionários.

João Luiz Rosa era administrador de empresas na capital paulista. Largou tudo para gerenciar um rebanho de vacas leiteiras em Corumbataí, no interior do Estado. Com a baixa dos preços do farelo de soja , ficou mais fácil fechar as contas da fazenda e dar lucro aos produtores.

- No inicio do ano a gente chegou a pagar até R$ 1,80 o quilo do farelo de soja. Hoje, a gente está pagando R$ 1,28. O milho, que no inicio do ano estava em R$ 0,50, R$ 0,56, hoje está em R$ 0,62. O que pesa mais realmente, no nosso caso, é aumentar a produção – comenta Rosa.

A fazenda, com apenas três anos e seis meses, tem capacidade para produzir mais de 2 mil litros de leite por dia, mas, por enquanto, só produz 1,4 mil litros. Ainda assim, o negócio é lucrativo, mesmo com investimentos que vão além dos insumos e equipamentos. Preocupado com a qualidade do produto, que é vendido para uma multinacional, o gerente aposta na formação dos funcionários, que voltaram a estudar.

- Nós chegamos até a montar uma escolinha noturna aqui. Tem um cafezinho, tem refrigerante, tem bolo e os funcionários que estão participando vão ter uma recompensação financeira pelo fato de frequentarem a escola. Fazemos isso para integrar mais o grupo, criar mais intimidade entre os funcionários e aumentar a escolaridade deles também. Como tudo isso aí melhora a produtividade deles, a gente está investindo nessa área - diz Rosa.

João vendeu o litro de leite pela média de R$ 1,18 neste ano. O principal custo, que é o farelo de soja, caiu. Dados da Scot Consultoria apontam queda de 9% no valor do produto em setembro em comparação ao mesmo período do ano passado. A boa fase, segundo o analista de pecuária Cesar de Castro Alves, se estende ao produtores de gado de corte, que aproveitam os altos preços em função da pouca oferta de animais.

- Tudo indica que até o final do ano os preços tendem a subir das carnes em geral no mercado interno e isso vai favorecer o produtor. Já o produtor de leite está sofrendo uma pequena queda de preços, que deve continuar porque vamos entrar em período de safra. Por outro lado, os custos de produção, tanto na pecuária leiteira como nos confinamentos, que basicamente são as rações - farelo de soja e milho - estão caindo e podem cair ainda mais. Isso vai favorecer o produtor de leite mesmo com essa pequena queda de preço. A tendência é que a situação continue boa – analisa Alves.